
A reunião de líderes da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (8) teve falas em desagravo ao Congresso e ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). O deputado tem sido alvo de ataques nas redes sociais em meio ao debate de ricos contra pobres.
Deputados de oposição e de centro se queixaram do que apontam como um movimento contra o Congresso e criticaram o governo do presidente Lula (PT), a quem atribuíram a autoria desses ataques.
Governistas, por sua vez, negaram relação do Palácio do Planalto e afirmaram que as críticas são reação da população às decisões da Câmara.
A discussão começou a partir de uma fala do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), em defesa de Motta e criticando a atuação do governo. Segundo relatos, ele classificou como ataque a democracia o governo patrocinar impulsionamento contra o Parlamento.
As campanhas em defesa da "taxação BBB", em referência a "bilionários, bets e bancos" -grupo que formaria um poderoso lobby em parceria com o centrão e a direita no Legislativo – tem sido capitaneadas e impulsionadas pelo PT e sua militância nas redes sociais.
O governo, por sua vez, tem feito vídeos com linguagem mais jovem para defender a taxação do IOF, derrubada pelo Congresso.
Ainda assim, os discursos na reunião dos líderes foi na linha de responsabilizar o governo por esses ataques. O vice-presidente da Câmara, Altineu Cortes (PL-RJ), disse que se fosse ele o presidente da Casa teria tomado já uma providência -sem entrar em detalhes.
Luizinho (PP-RJ) e Alex Manente (Cidadania-SP) foram na linha de se solidarizar a Hugo Motta e criticar impulsionamento de conteúdo para agredir ao Parlamento, e que isso não representaria a democracia.
Motta ouviu aos comentários, mas não se manifestou sobre o tema.
Na reunião, o líder do Solidaridade, Áureo Ribeiro (RJ), disse que o governo finalmente aprendeu a trabalhar com redes sociais.
O ministro da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), Sidônio Palmeira, está previsto para participar de uma audiência na Comissão de Comunicação na quarta-feira (9). A expectativa de parlamentares é de que ele seja questionado sobre impulsionamentos e a campanha do PT.
Da parte dos governistas, por sua vez, a líder Talíria Petrone (PSOL-RJ) classificou como natural a mobilização das pessoas em torno de agendas que são relevantes para os trabalhadores. Ela disse ainda que, sim, é preciso cuidar do Congresso para preservar a democracia, mas que há um sentimento na população de que as Casas não têm representado os anseios do povo.
Já o líder do PDT, Mário Heringer, alertou a Motta para que não fosse levado pela oposição e que é preciso abaixar a temperatura.
O líder do PT, Lindbergh Farias, negou que o governo esteja patrocinando qualquer ataque contra o Parlamento. Ele disse ainda haver preocupação com vídeos de inteligência artificial mesmo e que isso pode piorar durante as eleições do ano que vem.
Com isso, voltou a defender regulamentação das redes sociais -tema adormecido no Congresso, e parcialmente resolvido pelo julgamento do Marco Civil no STF (Supremo Tribunal Federal).
"Acho engraçado quando dizem, 'ah, nós contra eles'. Gente, nós estamos há 500 anos com eles contra nós. Eles falam todo dia da pauta. Qual é a pauta deles? Desvincular salário mínimo da Previdência. Mexer com os custos de saúde e educação, aí a gente não pode falar que os bilionários têm que pagar, que as bets têm que pagar, que quem ganha 10 milhões de reais, mas paga imposto de renda de menos de 2% tem que pagar?", disse o líder do PT a jornalistas, após a reunião.
"Esse debate sobre a questão tributária brasileira, sobre a desigualdade, foi colocado. É um tema que a sociedade abraça. Então esse é o tema que a gente quer fazer o debate político", completou.
Apesar de últimas semanas de beligerância entre os Poderes, após o Congresso surpreendeu o governo com a derrubada dos decretos do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a reunião ocorreu sem maiores polêmicas e intercorrências.
Na próxima semana, o ministro do STF Alexandre de Moraes promoverá uma reunião de conciliação entre o Executivo e o Legislativo sobre o tema no próximo dia 15. Há uma expectativa de que, ainda nesta semana, Lula ou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) possam se encontrar com Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), mas não tem data marcada.
Ao ser questionado, após a reunião de líderes, se há intenção de encontrar Lula, Motta disse: "Vamos dialogar com todo mundo. A intenção é encontrar uma saída".
Fonte: Notícias ao Minuto
Publicada em 08 de July de 2025 às 15:38