Depois de ir ao Senado prestar esclarecimentos a respeito de conversas vazadas entre ele e membros da operação Lava Jato pelo site Intercept Brasil, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados para ser indagado pelos parlamentares. Moro chegou por volta das 14h e a tendência é que a audiência termine pouco antes do confronto entre Brasil e Argentina, pela Copa América, marcado para 21h30.
No dia 19 de junho, durante sessão que durou cerca de nove horas, na CCJ do Senado, o ministro negou reconhecer a autenticidade das conversas vazadas com procuradores da Lava Jato, mas sustentou que, mesmo que algumas tenham ocorrido da forma com que foram publicadas pelo site The Intercept Brasil, não cometeu nenhuma irregularidade.
O ministro abriu sua fala – ele tem direito a 20 minutos de explanação antes de ser indagado pelos deputados – dando os números da Lava Jato. Assim como fez em seu discurso no Senado, Moro mantêm a retórica de que a operação foi uma das maiores na história do Brasil contra a corrupção. Ele voltou a dizer que não reconhece a autenticidade das mensagens.
“Eu não reconheço a autenticidade dessas mensagens, eu não as tenho mais no meu celular. Mas podem até algumas serem minhas, mas podem ter sido adulteradas total ou parcialmente’, afirmou.
“Ao que me parece é que alguém com muito recurso está por trás disso. O objetivo é invalidar as condenações da Lava Jato e impedir novas investigações”, afirmou o ministro, após afirmar que seu celular foi invadido por hackers.
“Pode ter algo ali que eu falei, pode. Algo do tipo, eu confio no ministro tal. Bem, eu confio, sempre tratei respeitosamente. Eu sempre tratei com absoluto respeito. Mas eu não posso confirmar a autenticidade porque tem material ali que pode ter sido adulterado”, disse o ministro, em referência velada a uma mensagem que ele teria trocado com Deltan Dallagnol, na qual se refere ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. “In Fux we trust”, teria dito. Em tradução livre, que dizer: “No Fux nós confiamos”.
Contexto
No dia 9 de junho, o site The Intercept começou a divulgar uma série de reportagens com base em mensagens que mostram suposta interferência do então juiz da Operação Lava Jato no trabalho investigativo. O atual ministro da Justiça e o chefe da força-tarefa do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, teriam trocado colaborações. Depois, o site continuou com a publicação de uma série de matérias sobre o tema.
Sergio Moro e Dallagnol dizem ter sido vítimas de um ataque hacker criminoso, mas não reconhecem a autenticidade do conteúdo que veio a público. Com base no que foi exposto, ambos negam haver qualquer irregularidade nas conversas.
Fonte: Metrópoles
Publicada em 02 de July de 2019 às 14:09