Suspeito de torturar gatos e expor crueldade se dizia militante pelos animais e ativista do clima

Suspeito de torturar gatos e expor crueldade se dizia militante pelos animais e ativista do clima

Preso sob suspeita de manter um canal de disseminação de discurso de ódio e torturar gatos em transmissões online, Bruce Vaz, 23, se apresentava como militante da causa animal, frequentou o G20 Social e até concedeu entrevista na qual se apresentava como "primeiro brasileiro autista ativista pelo clima pela ONU".

Postagens nas redes sociais mostram que Bruce também apostou na vida artística. Gravava vídeos tocando violão com músicas próprias ou de cantores famosos e participou como ator em peças até 2021.

Para os investigadores, sua imagem pública era uma forma de "despistar sua verdadeira conduta, de modo a não levantar suspeitas sobre os atos violentos que pratica".

"Nesse perfil, ele expressa publicamente concordância com vertentes de proteção e ativismo ambiental, aparentando alinhamento com causas de preservação da vida. No entanto, essa imagem contradiz frontalmente sua conduta real, marcada por crimes cruéis e de extrema gravidade contra gatos, evidenciando um comportamento dissimulado e altamente preocupante sob a ótica da investigação e da análise de risco", afirma relatório elaborado pelo Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça.

Bruce foi preso neste domingo (20), na zona norte do Rio de Janeiro, na Operação Desfaçatez, sob suspeita de ser o administrador de um canal no Discord que veiculava mensagens de ódio contra negros, mulheres e adolescentes. Além dele, outros dois jovens foram detidos e um adolescente de 17 anos, apreendido.

Segundo a investigação, dois jovens usaram o servidor para divulgar o planejamento para o homicídio de um morador de rua, cuja transmissão seria vendida. A polícia afirma que Bruce também torturava gatos em transmissões ao vivo pela internet.

"Um criminoso, psicopata, que se apresentava como ativista de proteção de animais da ONU. Ele adotava animais e fazia a dissecação desses animais ao vivo", disse o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.

"Estamos observando uma profusão de grupos de ódio na internet de superfície. Jovens que sentam nas salas de aula, que têm uma vida aparentemente normal, mas na internet profunda, são instigadores e praticantes de crimes", afirmou o delegado Carlos Oliveira, chefe da Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional.

No ano passado, Bruce esteve em eventos do G20 Social e se apresentou como "primeiro brasileiro autista ativista pelo clima pela ONU". Usando terno e gravata e levando uma braçadeira com o símbolo da entidade internacional, ele deu entrevista para o canal universitário da UFRJ relatando atuar em defesa do oceano, animais marinhos e até na resolução de conflitos.

"A luta começou muito cedo. Desde os meus 13 anos tenho uma paixão enorme pelo oceano. Começou daí. Acabei sendo voluntário em grupos de resgate marinhos de animais de pesca predatória, já participei de pesquisas com corais, regulando a água, com pesquisas relacionadas sobre. E também com resolução de conflitos. No caso, conflitos de guerra: Líbano, Iemên e afins", disse ele.

Dias depois do evento, ele também concedeu uma entrevista de três minutos a RJTV, telejornal local da TV Globo, na qual relatou atuação como mediador de conflito da ONU no Haiti.

"Me marcou muito porque a gente vê a diferença da realidade com o nosso país para outro país, sabe?", disse ele.

Em nota, o escritório da entidade no Rio de Janeiro afirmou que Bruce "não é funcionário ou embaixador da Organização das Nações Unidas".

"Reforçamos o alerta sobre o uso do nome da Organização por fraudadores e estelionatários, que se identificam como embaixadores ou apoiadores de alto nível da ONU, para se beneficiar indevidamente. A participação eventual em projetos, ações de comunicação ou eventos das Nações Unidas não permite que participantes dessas iniciativas sejam identificados como representantes, parceiros, membros ou Embaixadores das Nações Unidas ou que possam falar ou atuar em nome da Organização" afirmou o escritório da ONU no Rio de Janeiro, em nota.

Na entrevista à TV Globo, Bruce também afirmou ser autista e se queixou do preconceito que dizia sofrer.

"Quero construir um mundo sem preconceito. Um mundo no qual as pessoas possam ouvir antes de julgar. Um mundo onde as pessoas tenham consciência, não de suas ações, mas no que aquela ação vai causar no próximo".

Relatório do Ministério da Justiça mostra que ele tinha mais de 15 mil seguidores em sua conta no Instagram. Todas as redes sociais dele já estavam excluídas no domingo.

Enquanto se autodenominava "jihad", no Discord, nas redes públicas é possível ver Bruce atuando como ator em peças até 2021 e tocando violão até 2022. Neste ano, chegou a se encontrar com Pedro Luís, líder do Monobloco, para tocar junto com o artista a música "Noite Severina". O jovem também mantinha um canal com canções próprias.

Em 2023, o jornalista Daniel Mallet publicou em sua página no Instagram que Bruce decidiu apagar todas as suas músicas nas plataformas digitais, deixando disponível apenas a música "Trouxa". Ele afirmou que o rapaz enfrentava um quadro de ansiedade e depressão.

Segundo Mallet disse à reportagem, as informações foram repassadas pelo próprio Bruce, um ex-colega de escola.

O laboratório do Ministério da Justiça usou, inclusive, um dos vídeos antigos em que Bruce toca violão para comparar com outro em que tortura um gato. Os investigadores identificaram que a cadeira usada era mesma, corroborando a suspeita de que os crimes eram praticados em sua casa, em Vicente de Carvalho.

O suspeito ainda não tem defesa constituída.

Fonte: Notícias ao Minuto
Publicada em 22 de April de 2025 às 15:21

 

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