
Como tenho feito em outros anos, sempre gosto de opinar sobre o que vi no carnaval de rua de Porto Velho como forma de colaborar com esse que tem sido um dos principais segmentos da nossa cultura. O ano de 2019 serviu para ratificar algumas situações que já vinham se desenhando em 2018 como, por exemplo, a queda do bloco Galo da Meia Noite (o triste fim de uma era).
Quero começar pela Banda do Vai Quem Quer, a grande vedete do carnaval. A banda continua forte e inabalável e em 2020, quando completará 40 anos, o bloco deveria inovar. De quebra, dona Siça poderia levar para a avenida todos os remanescentes intérpretes das marchinhas da banda que ainda estão vivos para um show único na avenida como forma de homenageá-los na boda de rubi.
Afinal, já passaram para o Oriente Eterno, o Babá e o Zezinho Maranhão. Ainda estão vivos, o Jair Monteiro, o Bainha, o Silvio Santos e o Walfredo da Esquina, que na minha opinião foi o melhor de todos eles. Uma grande festa, para homenagear grandes artistas. É apenas uma opinião, repito, e acho que essa ideia deveria ser comprada por todos os brincantes e organizadores.
Os blocos. Ah, os blocos. O Circuito Caiari, na Pinheiro Machado, agora é da nova geração de foliões. Porto Maria, Axé Folia, e Murupi, são os que dominam o terreiro do Galo (da Meia Noite). Organização, boas ideias, e seriedade empresarial fazem deles os donos da festa no centro da cidade. Conseguiram desbancar blocos tradicionais como Rio Kaiary, Galo e Bloco do Alho.
Na região central, no Circuito Areal, o decano Canto da Coruja ainda consegue bater asas, sem a mesma empolgação e precisa se reinventar para não ser engolido por outras agremiações. O Areal Folia, o Até que a Noite Vire Dia e o Us Dy Phora, continuam num crescente. Trabalham muito o ano inteiro e já possuem público cativo sempre realizando grandes desfiles.
O carnaval da zona Sul, que, teoricamente, teria tudo para ser o melhor carnaval mais uma vez não foi o esperado. As agremiações se esforçam para fazer um bom carnaval, tem o apoio da comunidade, mas, infelizmente são vítimas da violência. Muita briga, muita pancadaria, e muita polícia. Não sei se tem jeito para isso, pois a violência vem de fora e não de dentro dos cordões da brincadeira.
Gostaria de registrar também o bom trabalho da Funcultural. O secretário Antônio Ocampo, com um orçamento minúsculo, conseguiu fazer o que muitos gestores de supersecretarias não fazem. Esteve presente e apoiou todos os eventos carnavalescos, promoveu boas festas pré-carnavalescas e ajudou no que pôde os blocos. Compensou em parte a falta de repasse, que não é de sua competência.
O campo tem dito a amigos e na televisão há algum tempo que as a agremiações carnavalescas precisavam mudar suas mentalidades. Tudo o que ele disse se cumpriu: quem se organizou sobreviveu, quem não quis se adequar aos novos tempos, sucumbiu. As escolas de samba e os blocos do Circuito Caiari, são exemplos claros dessa nova ordem cultural do carnaval de rua de Porto Velho.
Autor Rubson Luiz
Fonte: Via Rondonia
Publicada em 06 de March de 2019 às 20:35