
A doação de órgãos é um processo simples e pode salvar muitas vidas: remove-se um órgão ou tecido de um doador voluntário ou, em caso de óbito, mediante autorização, e se faz o transplante no paciente enfermo. Para ser doador no Brasil, é preciso apenas informar a sua família. Não há necessidade de registrar em documento. Atualmente, é possível doar rins, fígado, coração, pâncreas e pulmões, além de tecidos, como córnea, pele, ossos, cartilagens, sangue, válvulas cardíacas e medula óssea.
Alguns órgãos, como rim ou um pedaço do fígado, por exemplo, podem ser doados em vida. Porém, a maioria só pode ser retirada do corpo quando há confirmação de morte cerebral.
Quem pode doar órgãos
Todas as pessoas saudáveis podem doar órgãos e tecidos, mesmo em vida, visto que são organismos que podem ser compartilhados. No entanto, a grande parte das doações acontece em casos de:
Morte cerebral: o cérebro deixa de funcionar completamente e, por isso, não há possibilidade de recuperação. A condição acontece por acidentes, quedas ou após um AVC. Neste caso, praticamente todos os órgãos e tecidos saudáveis podem ser doados;
Após parada cardíaca, como por infarto ou arritmias. Neste caso, somente podem ser doados tecidos: córnea, vasos, pele, ossos e tendões, pois como a circulação ficou parada, alguns órgãos, como o coração e os rins, podem ter tido o funcionamento prejudicado;
Pessoas que faleceram em casa, e se declararam doadoras, podem ter as córneas retiradas até seis horas após a morte. A circulação sanguínea parada pode danificar os outros órgãos, colocando em risco a vida da pessoa que receberia a doação;
Em caso de anencefalia: o bebê tem uma má-formação e não possui o cérebro -, há um curto tempo de vida e, após a confirmação da morte, todos os seus órgãos e tecidos podem ser doados para outros bebês.
Não existe limite de idade para doar órgãos, mas é fundamental que eles estejam funcionando perfeitamente. O estado de saúde do doador é que irá determinar se os órgãos e tecidos poderão ser transplantados ou não.
Quem não pode doar
A doação de órgãos e tecidos não é permitida para pessoas que morreram por doenças infecto-contagiosas ou que danificaram gravemente o organismo, pois a função do órgão pode estar comprometida e a infecção pode ser transferida para a pessoa que irá recebê-lo.
A doação também não é indicada para pessoas que tiveram insuficiência renal grave ou do fígado, coração ou pulmões, visto que nesses casos há grande comprometimento da circulação e do funcionamento desses órgãos, além de câncer com metástase e doenças infecciosas e transmissíveis, como HIV, hepatite B, C ou doença de Chagas, por exemplo. Além disso, a doação é contraindicada em casos de infecções graves por bactérias ou vírus que tenham atingido a corrente sanguínea.
Como é feito o transplante
Após autorização do doador ou da sua família, o órgão passará por exames que irão avaliar suas condições de saúde e a compatibilidade com a pessoa que irá receber. A retirada do órgão é feita em centro cirúrgico. A recuperação de uma pessoa que recebeu transplante de órgãos ou tecidos é semelhante a de qualquer cirurgia, com repouso e uso de medicamentos para dor. Entretanto, além disto, a pessoa terá que tomar remédios chamados imunossupressores por toda a vida, para evitar a rejeição do novo órgão pelo organismo.
Só se pode escolher quem vai receber os órgãos e tecidos quando a doação é feita em vida. Caso contrário, recebe quem estiver em lista de espera na fila da central de transplantes, em ordem de tempo de espera e de necessidade.
O que se pode doar em vida
Os órgãos e tecidos que podem ser doados ainda em vida são o rim, parte do fígado, medula óssea e sangue. Isso é possível porque o doador pode levar uma vida normal mesmo após essas doações.
Fígado
Apenas parte do fígado, cerca de 4 cm, pode ser doado, e a recuperação é igual a de uma pequena cirurgia abdominal, em alguns dias. Devido a sua capacidade de regeneração, este órgão atinge o tamanho ideal em cerca de 30 dias, e o doador poderá ter uma vida normal, sem prejuízos à sua saúde.
Rim
A doação do rim não traz prejuízos à vida do doador e acontece em um procedimento de poucas horas. A recuperação é rápida e, correndo tudo bem, a pessoa recebe alta em poucos dias e apenas mantém o retorno às consultas para acompanhamento.
Medula óssea
Para doar a medula óssea, é necessário se inscrever no banco de dados do registro nacional de doadores de medula óssea, do Ministério da Saúde, que irá contactar o doador caso alguém que necessite seja compatível. O procedimento é muito simples, com anestesia, e dura cerca de 90 minutos. O doador recebe alta no dia seguinte.
Sangue
Em cada doação são coletados cerca de 450 ml de sangue. Os doadores precisam ser pessoas acima de 50 kg, e a retirada pode ser feita a cada três meses, para homens, e a cada quatro meses, para mulheres. Para doar sangue, deve-se procurar o Hemocentro.
A doação de sangue e de medula óssea podem ser feitas diversas vezes e para pessoas diferentes, não havendo limites enquanto o doador quiser e estiver saudável.
Fonte: Metrópoles
Publicada em 18 de July de 2019 às 10:27