Jovens que cometeram atos infracionais e cumprem medidas socioeducativas em Cacoal ganharam uma chance de mudar: eles fazem parte do projeto de laborterapia implantado na Unidade Socioeducativa de Cacoal, que objetiva preencher o tempo de forma não ociosa para a internação, além deles aprenderem a arte da tapeçaria em crochê, que é usada como ferramenta para ressocializá-los e dar um novo rumo para suas vidas.
A diretora geral da unidade socioeducativa de Cacoal, Karin Cury, é uma entusiasta das oficinas de laborterapia, que usa a arte da tapeçaria como entretenimento para os seis adolescentes internos na instituição. Ela reforça que a laborterapia é uma ferramenta que ajuda na ressocialização, pois a adesão dos socioeducandos é voluntária, mas tem por base o bom comportamento e a capacidade de trabalhar em grupo.
Karin também informou que parte do material usado nas oficinas, como linhas e agulhas, é comprado com recurso do Programa de Gestão Financeira às Unidades Prisionais e Socioeducativas (Progesfi), mas o projeto tem viés autossustentável e já está sendo organizado um bazar para expor e vender os produtos, com a renda revertida para aquisição de mais materiais e também para outros projetos da unidade. “Os adolescentes deixam de ter muito tempo de ociosidade, veem que são capazes de produzir algo bom, sentem-se valorizados e, alguns que estão na semiliberdade, disseram que já tem encomendas de vizinhos. Isso tem ajudado no trabalho em grupo, pois os que já estão mais avançados, na arte de produzir tapetes, ensinam os outros dentro dos alojamentos”, destaca.
As oficinas de tapeçaria em crochê são ministradas pela agente de segurança socioeducativo, Katiane Ferreira Cardoso, que também conta com o apoio de todos os servidores da unidade, ao longo dos plantões. Ela relata que em pouco tempo já foram feitas 24 peças, entre tapetes grandes e as passadeiras menores. E que no desenvolver das oficinas, logo no início, alguns socioeducandos tiveram um pouco mais de dificuldade, mas aqueles que aprendiam mais rápido, passam o conhecimento aos iniciantes com mais dificuldade. “Eu vejo que a laborterapia ajuda no relacionamento entre eles, porque uns ajudam aos outros, e isso ocorre lá dentro do alojamento. Participar do projeto é um benefício para o comportamento e acalma a ociosidade deles, além de fazer renda para a família, pois podem vender os tapetes e reverter em produtos para eles, estimulando a própria família a trazer o material dos tapetes”, explica.
O socioeducando B, de 17 anos, fala que a oficina de tapete trouxe uma nova distração para ele. “Eu não sabia fazer tapete e comecei a fazer agora e já estou até indo bem na arte”, disse.
Para o interno B.R, de 16 anos, as oficinas e os produtos já estão ajudando muito. ” Já consegui encomenda de tapetes e posso ganhar uns trocados com isso”, reforça entusiasmado.
Outras unidades socioeducativas da Fundação Estadual de Atendimento Socioeducativo (Fease) também usam terapias alternativas como ferramentas na ressocialização dos internos.
A presidente da Fease, Sirlene Bastos, parabeniza a importante iniciativa da equipe de servidores de Cacoal. Ela explica que a laborterapia é o uso da terapia pelo trabalho ou terapia ocupacional. “O trabalho é um elemento constitutivo fundamental da vida humana em sociedade. Assim, na boa reabilitação psicossocial dos adolescentes, é importante incluir o trabalho, o labor, adequadamente escolhido, segundo o interesse e vocação, dimensionado segundo capacidades e limitações de cada um”, comenta.
Na socioeducação, essa prática geralmente é desenvolvida para diminuir a ociosidade. O objetivo é que os socioeducandos sintam-se realizados e se gratifiquem através do trabalho artístico ou manual.
Fonte: Secom - Governo de Rondônia
Publicada em 26 de December de 2018 às 16:17