Disputa antecipada de 2026 aquece cenário político em Rondônia com ataques, desinformação e velhas rivalidades

Disputa antecipada de 2026 aquece cenário político em Rondônia com ataques, desinformação e velhas rivalidades

A política rondoniense entrou precocemente em ebulição. Faltando ainda dezoito meses para as eleições estaduais de 2026, o cenário já é marcado por embates públicos, ataques diretos, troca de acusações e narrativas desenhadas para desestabilizar adversários. Dois episódios recentes, protagonizados por nomes com histórico de confronto, ilustram o que se consolida como o início não declarado da temporada eleitoral: a disputa entre Marcos Rogério (PL) e o governador Marcos Rocha (União Brasil), e a ruidosa relação entre o prefeito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), e seu antecessor, Hildon Chaves (PSDB).

A semana política começou com uma publicação do senador Marcos Rogério em 1º de abril, data emblemática pelo simbolismo do “Dia da Mentira”. Em suas redes sociais, o parlamentar atacou diretamente Marcos Rocha, relembrando promessas de campanha supostamente não cumpridas. “Não é com prazer que falo sobre isso, mas com responsabilidade. Fiscalizar e cobrar é parte do meu dever com o povo rondoniense”, declarou Rogério. A resposta do governador foi imediata e pessoal: “É só mais um fraco demonstrando sua fraqueza moral e jogando para outros a sua própria característica”.

O embate não é novo. Em 2022, Rocha derrotou Rogério nas urnas tanto no primeiro quanto no segundo turno. E ainda que o senador tenha reconhecido recentemente os equívocos de sua campanha — “Faltou maturidade, traquejo político, habilidade. Eu errei” — os ataques direcionados indicam reincidência na retórica ofensiva, uma estratégia que se mostrou falha no passado. Em um estado onde o eleitorado conservador valoriza firmeza, mas rejeita o radicalismo, a aposta em discursos beligerantes pode acabar afastando o centro moderado, crucial para a definição do pleito.

Enquanto isso, o ex-prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, também voltou ao centro do debate político. Em entrevista ao podcast Resenha Política, publicada em 1º de abril, ele respondeu a diversas críticas da atual administração municipal, hoje sob o comando de Léo Moraes. O prefeito do Podemos, eleito em 2024 e empossado neste ano, assumiu a chefia do Executivo municipal com um discurso de rompimento com práticas anteriores. Desde então, tanto ele quanto aliados têm atribuído à gestão de Hildon diversos problemas estruturais da capital — de alagamentos a déficits previdenciários.

Chaves reagiu com firmeza. “É uma irresponsabilidade e uma mentira deslavada se atribuir isso a Hildon Chaves”, disse ao comentar as alagações. Sobre o Instituto de Previdência do Município (IPAM), afirmou: “Eu tripliquei as reservas. Então, caríssimo prefeito Léo Moraes, arregace as mangas e faça a mesma coisa”.

A relação entre os dois está longe de ser recente — tampouco pacífica. Desde as eleições municipais de 2016, quando Léo Moraes disputou contra Hildon pela primeira vez, a tensão se manteve presente, ainda que em diferentes graus e formatos. O atual prefeito, embora ainda possa optar por cumprir integralmente o mandato de quatro anos, já tem aliados cotados para disputar vagas tanto no Legislativo quanto, eventualmente, no Palácio Rio Madeira. Isso torna sua gestão inevitável alvo de fogo cruzado.

Além das críticas diretas, Hildon também se viu envolvido em boatos após sua saída da presidência da Associação Rondoniense de Municípios (AROM). Publicações em redes sociais chegaram a indicar que ele concorreria ao governo de Rondônia pelo MDB de Confúcio Moura — informação desmentida por ele em comentário público: “Essa informação é totalmente falsa. Sou presidente estadual do PSDB e recebi o senador Confúcio Moura na condição de presidente da AROM, para uma conversa institucional”.

O episódio evidencia outro fator que se antecipa à campanha: o uso de desinformação como arma. A simples menção a Confúcio Moura, único senador de Rondônia com alinhamento público ao presidente Lula, tem sido utilizada para colar rótulos nos adversários, explorando o antipetismo ainda latente em parte significativa do eleitorado. A estratégia, embora simplista, revela a aposta na polarização ideológica como recurso para gerar rejeição por associação.

Esse mesmo expediente foi utilizado contra Léo Moraes nas eleições de 2024. À época, mesmo com o apoio explícito de Jair Bolsonaro e Michelle à candidata Mariana Carvalho, o eleitorado de Porto Velho rejeitou o plebiscito ideológico e optou por um discurso mais técnico e pragmático. Moraes saiu vitorioso e abriu espaço para uma nova correlação de forças, tanto no município quanto no estado.

O pano de fundo de todas essas movimentações é claro: a disputa pelo poder em 2026 já começou, mesmo sem cartazes, jingles ou coligações formalizadas. De um lado, Marcos Rogério aposta novamente no confronto direto — contra o mesmo adversário que já o derrotou duas vezes. Do outro, Hildon Chaves tenta resgatar seu legado, desmentir acusações e se posicionar como alternativa, seja ao Senado ou ao governo estadual. E em meio a tudo isso, Léo Moraes, embora recém-eleito, já figura como peça central no tabuleiro, seja pela força da máquina administrativa, seja pelos nomes que poderá influenciar.

O que se observa, portanto, é o adiantamento de um ciclo que deveria se iniciar apenas em 2026. Os discursos, os ataques e as defesas já estão em campo. A guerra, ao menos no plano da retórica, foi declarada.

Fonte: Rondônia Dinâmica
Publicada em 07 de April de 2025 às 08:40

 

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