
Um dia depois que centenas de imigrantes começaram a se aglomerar na fronteira norte da Grécia, a polícia do país disparou gás lacrimogêneo, nesta sexta-feira (5), para dispersar a multidão. Segundo a agência de notícias Reuters, eles se reuniram em um campo, na cidade de Diavata, com a esperança de seguir ilegalmente através dos Bálcãs em direção ao norte da Europa.
Até a manhã de sexta, havia mais de 100 barracas armadas no descampado. A ação foi provocada por relatos em redes sociais sobre planos de um movimento organizado para atravessar, no começo de abril, a divisa terrestre do noroeste grego com a Albânia.
Mulher desmaia enquanto imigrantes entram em confronto com a polícia grega na fronteira norte do país nesta sexta (5), em uma tentativa de chegar ao norte da Europa. — Foto: Alexandros Avramidis/Reuters
Em Atenas, um grupo de cerca de 50 imigrantes se instalou nos trilhos da principal estação de trem gritando "Alemanha!" e "Abram as fronteiras". Vários outros estavam na estação sob forte escolta policial. Os serviços da estação foram suspensos.
"Queremos ir a Tessalônica e depois para as fronteiras", disse Amin Omar, iraquiano curdo de 27 anos que estava sentado nos trilhos. "Não sabemos se elas estão abertas".
Atenas, no sul da Grécia, fica a cerca de 500km de Tessalônica — que, por sua vez, fica a 10km de Diavata, local onde os imigrantes acampados entraram em confronto com a polícia.
O ministro da Migração, Dimitris Vitsas, apelou aos imigrantes na fronteira para que voltem aos centros de acomodação, ou correm risco de sofrer sanções.
"É uma mentira que as fronteiras abrirão", disse ele à televisão estatal ERT. "Em tratados internacionais, existem obrigações, mas também existem sanções".
A polícia estacionou ônibus através de uma estrada da área para bloquear uma rota de acesso. Vitsas disse esperar que os ocupantes do descampado saiam até a noite.
Imigrantes entraram em confronto com a polícia grega nesta sexta (5), durante tentativa de atravessar a fronteira do país em direção ao norte da Europa. — Foto: Alexandros Avramidis/Reuters
Na quinta (4), a agência para refugiados das Nações Unidas chegou a emitir um aviso contra o que chamou de informações falsas e rumores.
"Por favor, tenham consciência de que esses movimentos informais, seja por terra ou mar, são arriscados e perigosos", dizia o comunicado. "Tentativas de atravessar fronteiras ilegalmente são, com frequência, fracassadas, e podem trazer sérias consequências incluindo prisão, detenção, separação familiar e até morte."
De acordo com a Reuters, imigrantes detidos em pelo menos dois lugares na Turquia também começaram a ir em direção à província de Edirne, na fronteira com a Grécia e a Bulgária, depois de falsos rumores de que o governo turco havia aberto os portões da fronteira. As autoridades turcas detiveram cerca de 1,2 mil pessoas no país, segundo a mídia local.
Os migrantes, em sua maioria afegãos, iranianos ou paquistaneses, referiam-se a si mesmos como o "Comboio da Esperança", diz a Reuters.
Os imigrantes que entraram em confronto com a polícia nesta sexta (5) afirmam que querem chegar ao norte da Europa. — Foto: Alexandros Avramidis/Reuters
A situação reavivou as memórias da crise migratória de 2015, quando mais de um milhão de pessoas, a maioria fugindo de conflitos e pobreza no Oriente Médio e além, viajou pela Turquia, Grécia e Bálcãs rumo à Europa ocidental.
A Turquia reduziu drasticamente esse êxodo em 2016, sob um acordo com a União Europeia. Logo depois, os países balcânicos fecharam suas fronteiras, bloqueando uma passagem principal para o norte da Europa e encalhando dezenas de milhares na Grécia.
Miltiadis Klapas, uma funcionária do Ministério da Migração da Grécia, disse que o movimento desta semana em direção à fronteira é "o resultado de informações completamente infundadas de que haverá uma reunião em massa nas fronteiras e que elas serão abertas".
Fonte: G1
Publicada em 05 de April de 2019 às 17:36