MENOS GOLPE, MAIS BINGO: A terapia que podemos oferecer aos tiozões do wathssap

MENOS GOLPE, MAIS BINGO: A terapia que podemos oferecer aos tiozões do wathssap

AntagonistaRO - Por algum motivo que a ciência ainda não conseguiu explicar, uma parcela significativa da população brasileira acredita piamente que lives tremidas no YouTube, vídeos de TikTok com filtros patrióticos e textões com erros de português são fontes confiáveis de informação. Pior: baseiam suas decisões políticas nisso. A solução? A volta dos bingos.

Sim, os bingos. Aquele ambiente acolhedor com cheiro de naftalina e coxinha requentada poderia, quem diria, ser a tábua de salvação dos nossos tiozões e tiazonas do zap. Afinal, quando estavam ocupados tentando fechar cartelas e gritar “BINGO!” no meio de um salão abafado, não tinham tempo de cair feito patinhos (ou melhor, laranjas) em fake news de extrema-direita que os convocavam para “salvar a pátria” quebrando relógios históricos e mijando em cadeiras da Suprema Corte.

Os atos de 8 de janeiro foram um marco, mas não pela coragem ou genialidade dos envolvidos. Foram o retrato melancólico da falência cognitiva de uma geração sequestrada por correntes duvidosas, vídeos acelerados e discursos inflamados de quem nem consegue passar no ENEM com a nota mínima. O Brasil viu, estarrecido, sardinhas revoltadas tentando brincar de tubarão. E deu no que deu.

Porque não foi só vandalismo, foi crime, mesmo, com todas as letras. Invasão de prédios públicos, depredação do patrimônio nacional, associação criminosa, tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito e incitação ao crime. Tudo isso sob a capa do verde e amarelo, como se o patriotismo legitimasse o golpe. Foi um desfile grotesco de ilegalidades, com direito a transmissão ao vivo e selfie com a destruição, porque até para ser golpista tem que ter vaidade.

As investigações mostram que não foi um ato espontâneo de “cidadãos preocupados”, como alguns ainda insistem em dizer enquanto molham o biscoito no chá de boldo. Houve financiamento, logística, articulação e uma rede muito bem estruturada de mentores e manipuladores, os tubarões do esquema. Gente com dinheiro, influência e cargo. Essa turma não pode passar ilesa enquanto as sardinhas continuam se fingindo de desentendidas. Responsabilizar os grandes é fundamental para que o roteiro da barbárie não vire série com várias temporadas.

Centenas de golpistas já foram condenados e outros tantos ainda serão pelo Supremo Tribunal Federal. As sentenças vêm sendo aplicadas pelos crimes de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, pelos quais foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A justiça, ao contrário das fake news, trabalha com provas e estas são abundantes. As imagens, mensagens e rastros digitais deixados pelos patriotas de ocasião agora viram páginas de processos criminais robustos e exemplares.

Mas que fique claro: as forças democráticas não estão de brincadeira. A democracia brasileira é jovem, judiada, espancada, mas está viva e tem memória. Sem anistia para golpistas e terroristas. A era da impunidade precisa acabar junto com o último meme do “zap patriota”. Bolsonaro e seus comparsas devem ser julgados com todos os direitos garantidos. Justiça plena. E, se culpados, cadeia. Nada de exílio chique em mansões da Flórida.

Enquanto isso, alguém reabre um bingo, por favor. Com sorte, os tiozões voltam a se preocupar mais com o número 13 na cartela do que com teorias mirabolantes de fraude eleitoral organizadas por chips comunistas em urnas eletrônicas. A pátria agradece.

Samuel Costa é rondoniense, professor, advogado e jornalista com especialidade em Ciência Política.

Fonte: Samuel Costa
Publicada em 09 de April de 2025 às 14:43

 

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