
Começou na manhã desta quarta-feira (15) o novo júri dos acusados de matar e estuprar a jovem Naiara Karine em Porto Velho. O novo julgamento acontece porque o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) recorreu da decisão que absolveu os réus, Richardson Bruno Mamede das Chagas e Francisco da Silva Plácido, do crime de estupro.
O julgamento terá duração de três dias e a primeira fase começou nesta quarta-feira (15), no Plenário da 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Porto Velho. O mandante do crime nunca foi descoberto. O crime teve grande repercussão na capital e foi marcado por julgamentos longos, que atraíram muitas pessoas ao tribunal. Ao todo, três pessoas foram condenadas, um réu inocentado das acusações.
Inconformado com a decisão que absolveu Richardson Bruno Mamede das Chagas e Francisco da Silva Plácido, pelo crime de estupro, o Ministério Público por intermédio do promotor de Justiça, Elias Chaquian Filho, recorreu para anular parcialmente o Júri, sustentando que a decisão teria sido contrária às provas dos autos, solicitando que os dois acusados fossem novamente submetidos ao julgamento popular, somente por esse crime conexo. Ao mesmo tempo, os réus apelaram visando anular o júri e reduzir a pena. Durante o juri popular em 2016, os dois foram condenado apenas por homicídio.
O Tribunal de Justiça de Rondônia rejeitou os recursos dos condenados e acatou o recurso do Ministério Público, anulando parcialmente a decisão do Conselho de Sentença.
Neste novo julgamento, o corpo de jurados é composto por seis homens e uma mulher. Serão ouvidas 12 testemunhas, sendo 4 de acusação e 7 de defesa.
O crime
A estudante de jornalismo Naiara Karine, à época com 18 anos, saiu de casa por volta das 9 horas para participar de uma aula em uma autoescola. Às 11h30, a jovem saiu da aula e é levada pelos criminosos a um sítio abandonado na zona rural de Porto Velho, onde é estuprada coletivamente e assassinada com pelo menos 24 facadas. O corpo da estudante foi encontrado no final da tarde do mesmo dia.
De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), a maioria dos golpes de faca atingiram a região do pescoço e do peito.
A Polícia Civil iniciou as investigações e várias testemunhas, entre familiares, amigos e colegas de faculdade, foram ouvidas pelo delegado responsável pelo caso, Nestor Romanzini. Após cinco meses o vigilante Marco Antônio Chaves da Silva foi preso e confessou a autoria do assassinato.
Dias depois, Marco Antônio mudou a versão contada sobre o crime e apontou mais três envolvidos: os agentes penitenciários Francisco Plácido, Richardson Bruno Mamede e um colega de faculdade de Naiara, Wagner Strogulski.
Investigação
No inquérito instaurado para apurar o crime, a Polícia Civil afirma que não há dúvidas sobre a participação dos suspeitos e afirmou que Richardson era quem pilotava a motocicleta que levou Naiara até o local do crime. A Polícia afirmou ainda, que era Richardson quem filmava a vítima sendo estuprada.
Para os investigadores, Francisco da Silva Plácido deu toda a cobertura para os demais comparsas no momento do crime. Já contra o amigo de faculdade da vítima, Wagner, pesava a acusação de quem ele teria presenciado tudo e participado do estupro e homicídio de Nayara.
Várias impressões digitais foram colhidas durante as investigações e, segundo a Polícia Civil, foram encontradas digitais de Richardson na cena do crime e foram comprovadas através de um laudo emitido por um perito da Polícia Federal. A Polícia então, concluiu o inquérito e indiciou Marco Antônio, Francisco Plácido, Richardson Mamede e Wagner, este fugiu do Estado.
O julgamento
O primeiro a ser julgado foi Marco Antônio em 2014, que foi condenado por todos os crimes pelo Tribunal do Júri. Sua pena foi de 24 anos de prisão em regime fechado. Ele cumpre pena no presídio Aruana.
Após dois anos, foi à vez de Richardson, Francisco Plácido e Wagner serem julgados pelo júri popular. O julgamento teve duração de três dias e os jurados condenaram os ex-agentes penitenciários Richardson e Francisco, por homicídio simples. Wagner foi inocentado.
Richardson foi sentenciado a uma pena de 14 anos de prisão por homicídio qualificado. Plácido recebeu a pena de nove anos, em regime semiaberto, por homicídio simples.
A dupla, Richardson e Plácido já cumpriu dois quintos da pena alcançando progressão de regime e receberam o benefício da saída monitorada por tornozeleira eletrônica concedida pela Justiça.
Fonte: Viarondonia
Publicada em 15 de May de 2019 às 09:58