Operação da PF desarticula quadrilha especializada em lavagem de dinheiro do tráfico de drogas em Rondônia

Operação da PF desarticula quadrilha especializada em lavagem de dinheiro do tráfico de drogas em Rondônia

Uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro e evasão de divisas oriundas do tráfico internacional de drogas e sonegação fiscal é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). Grandes empresas de Rondônia, que participavam do esquema, também estão sendo investigadas.

Em Rondônia, os mandados são cumpridos nas cidades de Guajará-Mirim, Porto Velho e Ji-Paraná. As ações da PF estão concentradas na cidade de Guajará-Mirim.

De acordo com a PF, os 26 inquéritos policiais e 36 relatórios fiscais, além de análises da perícia financeira, material que compõem a investigação, indicam que essas empresas, com atuação comercial na área de exportação, mantêm, há anos, “atividades secundárias de captação e administração de capitais, remessa e conversão de câmbio, direta ou indiretamente, de pessoas físicas que se dedicam à prática do tráfico de drogas e outros crimes”.

Por determinação da Justiça, os principais suspeitos de participarem do esquema foram afastados preventivamente de suas funções nas empresas; tiveram bens e valores sequestrado; e tiveram bloqueados os recursos que, somados, podem passar de R$ 70 milhões.

Segundo a PF, projeções feitas pela Receita estimam que entre os anos de 2009 a 2016 aproximadamente R$ 2 bilhões em mercadorias foram retirados irregularmente da área de livre comércio pelas empresas investigadas, causando prejuízo aos cofres públicos de aproximadamente R$ 300 milhões, não contabilizados juros e multas.

A operação, que conta com apoio logístico do Exército, tem a participação de 220 policiais federais e 22 servidores da Receita Federal. Eles cumprem72 mandados judiciais de busca e apreensão, em cidades dos estados de Rondônia, do Pará e de Mato Grosso.

São cumpridos 72 mandados de busca e apreensão em cidades de Rondônia, Pará e Mato Grosso.  — Foto: Polícia Federal/ Divulgação

Como funcionava o esquema?

  • Em vez de repatriado, parte do lucro das grandes empresas distribuidoras/exportadoras era encaminhado diretamente aos cambistas da Bolívia para fim de custódia de valores.
  • Durante dez anos, centenas de milhões de reais foram enviados de traficantes do Pará e Nordeste para contas de pequenas empresas físicas em Rondônia, as chamadas "contas de passagem".
  • Segundo a PF, depois de receberem os valores, os suspeitos intermediários faziam depósitos sucessivos nas grandes empresas distribuidoras em Rondônia. Estas empresas recebiam os recursos e emitiam as autorizações de pagamentos.
  • Estas autorizações de pagamentos são classificadas como cheques ou vouchers, que, após serem efetuadas, credenciavam o portador a sacar o valor nele inscrito em algum cambista na cidade boliviana de Guayaramerin.
  • A PF diz que não havia qualquer emissão de nota fiscal pela quadrilha para sustentar a licitude.
  • Os portadores dos cheques ou vouchers sacavam os valores nos cambistas bolivianos e assim faziam o pagamento de drogas adquiridas na Bolívia.
  • Após serem remunerados, os traficantes na Bolívia forneciam as drogas que abasteciam o tráfico em cidades do Nordeste e do interior do Pará.

Além de agirem como verdadeiras instituições financeiras, segundo a PF, foi descoberto que as empresas de grandes portes se usavam irregularmente dos benefícios tributários destinados exclusivamente no livre comércio de Guajará-Mirim, cidade a cerca de 300 quilômetros de Porto Velho.

Para as empresas de grande porte, a vantagem do esquema criminoso era a apresentação ao fisco de lucro formal, além do valor efetivamente conquistado e o consequente pagamento de tributos "a menor".

Segundo a PF, os intermediários do grupo criminoso recebiam entre 1% e 5% dos valores recepcionados e encaminhados à Bolívia. Isto era feito a título de remuneração.

Porto Velho

Ainda não foi divulgado o número de mandados de prisão cumpridos em Porto Velho, mas desde cedo os agentes da PF estão indo a vários endereços em busca dos suspeitos investigados. Um dos imóveis vasculhados pelos agentes da PF fica no bairro Agenor de Carvalho.

Pelo menos seis empresários devem ser levados pela PF para prestar esclarecimentos.

Dracma

O nome da operação, Dracma, é uma alusão à antiga moeda da Grécia, que tinha a necessidade de seguir o rastro do dinheiro durante as investigações dessa natureza.

Dracma era a mais antiga moeda ainda em circulação no mundo, sendo que esta é usada desde o primeiro século depois de Cristo (d.C).

Operação Dracma, em Porto Velho — Foto: Carolina Brazil/Rede Amazônica

Fonte: Viarondonia com informações da PF
Publicada em 14 de março de 2019 às 10:48

 

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